«Depois, houve outras coisas que ficaram por explicar ou cuja explicação não pode convencer quem sabe do que se trata. Nenhum aluno que tenha feito um curso ‘a sério’ numa Universidade ‘a sério’ teve, no ano de licenciatura, cinco cadeiras, das quais quatro dadas pelo mesmo professor; nenhum aluno se esqueceria do nome dos professores, para mais se só teve dois; nenhum aluno acreditaria que era possível ser membro do Governo e simultaneamente concluir uma licenciatura com aulas nocturnas e fazendo o ano com média de 17; nenhum aluno viu um professor dar-lhe as notas durante as férias de Agosto, e logo quatro no mesmo dia; nenhum aluno tem um certificado de curso passado durante as férias, num domingo, e assinado pelo reitor e pela filha, na qualidade de directora administrativa (típico de Universidade de vão de escada). A isto, basicamente, José Sócrates respondeu que são questões a que é alheio e cuja responsabilidade só pode ser imputada à Universidade. Mas há uma coisa a que ele não foi alheio, que foi a escolha desta Universidade para se licenciar. E, aqui, volta a questão política: eu sei que houve inspecções regulares à UnI e que em nenhuma se sugeriu o seu encerramento. Mas, por tudo o que hoje sabemos sobre o seu funcionamento, os seus responsáveis e as suas estranhas e constantes anomalias processuais (até chegaram a dizer que só guardavam os registos dos alunos durante cinco anos...), a questão está em saber, exactamente, se ela não deveria ter sido encerrada muito antes. Será que José Sócrates, primeiro-ministro, recomenda o modelo da UnI que o aluno José Sócrates conheceu como exemplo a seguir na tal estratégia de qualificação e valorização profissional que defende para o país?»
"MST in Expresso"