Pedaços de papel...
... com Mário Cesariny de Vasconcelos
Ao longo da muralha que habitamos
Ao longo da muralha que habitamos,
Há palavras de vida, há palavras de morte!
Há palavras imensas que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar.
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras e nocturnas palavras, gemidos,
Palavras que nos sobem ilegíveis à boca,
Palavras diamantes palavras nunca escritas,
Palavras impossíveis de escrever,
Por não termos connosco cordas de violinos,
Nem todo o sangue do mundo, nem todo o amplexo do ar!
E os braços dos amantes escrevem muito alto,
Muito além do azul onde, oxidados, morrem
Palavras maternais — só sombra, só soluço,
Só espasmos, só amor, só solidão desfeita!
Entre nós e as palavras, os emparedados;
E entre nós e as palavras, o nosso dever de falar.
1 Comments:
Um dos meus poetas preferidos e dos meus poemas favoritos
Enviar um comentário
<< Home