Pedaços de papel...
... com Jorge Barros Duarte (*)
Menino de Timor
Menino de Timor, estás triste?!...
Porquê?!... - Não tenho com quem brincar!
Nem com quem!... Já nem posso falar!...
A minha terra correste e viste
Como só há silêncio e tristeza!...
Assim é na palhota que habito!...
Já nem oiço na várzea um só grito!...
Só vejo gente que chora e reza!...
Que saudade que eu tenho dos jogos
Da minha aldeia agora deserta!...
O "La'o-rai", que a memória esperta,
Co'as pocinhas na terra, ora a fogos
Mil sujeita!... O "caleic" também era
jogo apreciado da pequenada:
"Hana-caleic"!... de tudo já nada
Resta agora!... Só vejo essa fera
De garra adunca e dente aguçado
A rugir tão feroz que ninguém
A doma já, pois tem medo não tem
De um povo à fome, sem horta ou gado!...
Menino, sou, mas sofro já tanto
Como se fora de muita idade
E co'a alma cheia só de maldade!...
Jesus, tem pena deste meu pranto!...
Jesus Menino, dá-me alegria!...
Se na minha terra é tudo tão triste!...
Gente tão má neste mundo existe?!...
Coisas assim tão ruins?!... Não sabia!...
(*) Poeta timorense
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