Pedaços de Adriano...
"A fala do homem nascido"
Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido,
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.
Tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte,
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem,
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem
correntes que me detenham.
Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença com licença
que a barca se fez ao mar,
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.
Não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.
com licença com licença
com rumo à estrela polar.
António Gedeão
Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido,
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.
Tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte,
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem,
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem
correntes que me detenham.
Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença com licença
que a barca se fez ao mar,
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.
Não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.
com licença com licença
com rumo à estrela polar.
António Gedeão
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