terça-feira, outubro 16, 2007

Pedaços de Adriano...

"A fala do homem nascido"


Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.

Só quero o que me é devido,
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.

Tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder.


Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte,
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.

Não há ventos que não prestem,
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem
correntes que me detenham.

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar,
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.


Não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.
com licença com licença
com rumo à estrela polar.

António Gedeão
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