Pedaços de papel...
... com Inês Lourenço
REMORSO
Durante a leitura nocturna
descia, às vezes, as escadas,
e procurava no escuro, dentro
de um cesto, uma forma
redonda. Na quadra iluminada
do quarto, mordia depois a maçã
vermelha escura. Era enorme o ruído
dos dentes, no silêncio dessa hora
tardia, e irremediável a culpa
de ter destruído aquela polpa húmida
de onde pendia o descarnado pé,
no íntimo saber de pequenas sementes, e
que podia perfeitamente
ter apodrecido em paz.
in "Um quarto com cidades ao fundo"
* (fotografia de anabela santiago, julho 2006)
REMORSO
Durante a leitura nocturna
descia, às vezes, as escadas,
e procurava no escuro, dentro
de um cesto, uma forma
redonda. Na quadra iluminada
do quarto, mordia depois a maçã
vermelha escura. Era enorme o ruído
dos dentes, no silêncio dessa hora
tardia, e irremediável a culpa
de ter destruído aquela polpa húmida
de onde pendia o descarnado pé,
no íntimo saber de pequenas sementes, e
que podia perfeitamente
ter apodrecido em paz.
in "Um quarto com cidades ao fundo"
* (fotografia de anabela santiago, julho 2006)
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