Pedaços de papel
...com Aristides Braga
Medos
Nem um grito nasce
Desta tremenda necessidade
De povoar o silêncio
Que me devora
Que me sufoca!
Parece que tudo se despedaça
Se enrodilha dentro de mim;
É uma dor que nasce deste vazio
Que me apavora
Desespera!
É o pressentir confuso
Dos dias que se aproximam;
Da inutilidade que me espera neles
Do peso doloroso de os viver
Suportar...
Este vazio ensurdece-me
Crava-me de desespero
De vontade de me destruir
Só para não ter que me suportar
Para não chocar comigo
Neste beco de angústias
Com as lágrimas atravessadas na garganta
Impedindo que a voz nasça liberta...
Há palavras dentro de mim!
Respiro através delas
Dissolvo-me nelas;
Tenho medo de pensar que elas
Possam ser mais reais do que eu;
Tenho medo!!!
Medo da Vida e da Morte
Medo de mim e do vazio
Medo da inutilidade
E de tudo o que me fala de caminhos
Dispersos
Irrenováveis...
É a sensação nítida de descer
De mergulhar num vazio confuso;
Sensação física que me aterroriza
Quando procuro uma palavra
Para habitar este silêncio
Que me transtorna e me confunde
Neste prolongar de dias e de noites
Cheias de nada
Infindáveis!
in Orpheu - Magazine de Criação Literária, nº 22, Janeiro de 2002
edição do Estabelecimento Prisional de Izeda
Medos
Nem um grito nasce
Desta tremenda necessidade
De povoar o silêncio
Que me devora
Que me sufoca!
Parece que tudo se despedaça
Se enrodilha dentro de mim;
É uma dor que nasce deste vazio
Que me apavora
Desespera!
É o pressentir confuso
Dos dias que se aproximam;
Da inutilidade que me espera neles
Do peso doloroso de os viver
Suportar...
Este vazio ensurdece-me
Crava-me de desespero
De vontade de me destruir
Só para não ter que me suportar
Para não chocar comigo
Neste beco de angústias
Com as lágrimas atravessadas na garganta
Impedindo que a voz nasça liberta...
Há palavras dentro de mim!
Respiro através delas
Dissolvo-me nelas;
Tenho medo de pensar que elas
Possam ser mais reais do que eu;
Tenho medo!!!
Medo da Vida e da Morte
Medo de mim e do vazio
Medo da inutilidade
E de tudo o que me fala de caminhos
Dispersos
Irrenováveis...
É a sensação nítida de descer
De mergulhar num vazio confuso;
Sensação física que me aterroriza
Quando procuro uma palavra
Para habitar este silêncio
Que me transtorna e me confunde
Neste prolongar de dias e de noites
Cheias de nada
Infindáveis!
in Orpheu - Magazine de Criação Literária, nº 22, Janeiro de 2002
edição do Estabelecimento Prisional de Izeda
1 Comments:
"É a sensação nítida de descer
De mergulhar num vazio confuso;"
...e é assustador sentir assim.
a mim "calou-me".
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